Cartaz oficial do evento
[ATUALIZADO COM TODOS OS VIDEOS DE NOSSA COBERTURA]

Em 2012, ouvi críticas e lamentações a respeito do fato de que o evento Rio Comicon não aconteceria, mesmo após duas edições anteriores, com razoável sucesso de público e crítica, deixando o estado cercado de sol e mar a ver navios, mais uma vez, quando o assunto é organizar evento relacionado a histórias em quadrinhos...

E eis que em 2013 tivemos a ótima notícia de que o evento Comicmania voltaria a ser realizado, num ousado projeto de ser mensal, trazendo artistas que trabalhavam com quadrinhos no Brasil e no exterior, prometendo o retorno deste tipo de evento à capital carioca.

Certo. A Equipe do Poltrona Pop (formada por Marlo George, Kal J. Moon e Andreas Cesar) tinha uma missão: comparecer ao evento, registrar o que aconteceu e, talvez mais importante do que tudo isso... Dar destaque a quem merecia e mostrar que o Brasil tem muito mais artistas do que é noticiado na mídia especializada.

Como já havíamos entrado em contato com a organização do Comicmania bem antes e confirmado nossa presença - como deve ser feito por qualquer órgão sério -, bastava "apenas" seguir nossos instintos e, tal qual o personagem Vigia (Marvel Comics), observar e registrar. Ninguém disse que seria fácil mas tinha ser feito.

Chegamos ao local bem cedo, pouco depois de oito da matina e pudemos conhecer o espaço ainda sem a presença do público e todas suas dependências. E nossa primeira observação foi de que, talvez, o Orfeão Português não seja um local adequado para realização de um projeto tão ambicioso... Mas deixemos isso pro final. Ainda temos muito a contar e pouco tempo.

André e Marcelo Salaza
(Pencil Blue Studio)
Encontramos nosso talentoso amigo Marcelo Salaza, desenhista e agente internacional da Pencil Blue Studios, já pronto, com sua equipe para montar seu estande, com diversas revistas publicadas nos Estados Unidos e Europa, todas com trabalhos seus e de vários de seus agenciados. Após algumas brincadeiras típicas de quem não se encontra há muito tempo mas mantém contato constante, demos alguma ajuda a montar seu estande e conversamos sobre sua carreira. Conversamos e FILMAMOS!!! Isso mesmo: nosso editor de conteúdo Kal J. Moon fez uma entrevista com ele...

Sim, meus caros #POPulares! Esse é o primeiro episódio e a estreia do nosso canal de vídeo no Youtube! Assista no player abaixo, dê um curtir e divulgue entre todos seus amigos, inimigos e desafetos pois este é o primeiro de muitos e durante todo este mês, serão publicadas todas as entrevistas realizadas durante o evento...



Após os testes iniciais e verificarmos toda a magia da filmagem, começamos a conhecer os outros participantes do evento como Rael Mochizuki (do fanzine mangá "Ameto").

Quando fomos abordados por Alexandre Macno, criador do e-book Geonoma, que contém ilustrações de Eduardo Francisco e tudo o mais, e fomos presenteados com um CD com a obra, vimos que ainda existem pessoas de visão no meio alternativo...

Foi legal também conversar rapidamente com Léo Finochi, da finalmente impressa webcomic "Nem Morto" (a hilária história de um zumbi que quer continuar levando uma vida normal como se ainda estivesse vivo), assim como Marcos Vinícius, autor da webcomic "Caçada Até a Última Bala" (um faroeste futurista cheio de reviravoltas e em que cada edição é focada num dos personagens).






Depois foi a vez de conversar um pouco com Lipe Diaz, desenhista e gerente geral da filial carioca da consagrada Impacto Quadrinhos, que nos contou um pouco sobre a experiência de ensinar a nona arte a fundo, não só pelo desenho mas também por roteiro, expressividade e afins. E fiquem ligados aqui no PP pois a Impacto está trazendo ótimas notícias para quem quer aprender como se destacar no mercado nacional e internacional... Inclusive, o professor de colorização digital Fabrício Guerra também estava presente e fez este belo trabalho sobre a arte de Lipe, à venda durante o evento... Confiram!

Ilustração de Lipe Diaz  e cores de Fabrício Guerra
Mais tarde, quando o evento já tinha muitos frequentadores - mas ainda não o suficiente -, fomos conversar com Jack Jadson e Jack Herbert, dois veteranos dos quadrinhos internacionais, já tendo trabalhado para Dynamite, Marvel e DC, dentre outras editoras, sempre com traços belíssimos e mostrando o que o Brasil faz de melhor...
Arte de Jack Herbert

Arlequim, de Roberto Hollanda
Compramos algumas revistas - claro! -, ganhamos outras - como a "Água Cômica" e "Arlequim Vol. 1", do grande Roberto Hollanda, com quem conversamos sobre o mercado de publicações independentes nacionais e internacionais, uma vez que ele publica em países como Itália, Polônia e República Tcheca, além da diferença primordial entre fazer isso por aqui no Brasil e lá fora... Tá achando...? Então, tá!
Arte de Jack Jadson
Havia um telão improvisado com transmissão de videos diversos, como os tais "trailers honestos", que nos divertiu e fez-nos soltar boas risadas. Havia ainda alguns games sendo jogados em outra área, com alguns sucessos do gênero.

A gente também conversou com os organizadores do grupo Batmania Rio, que eram curadores da exposição sobre o Batman, com um monte de memorabílias sobre o Homem-Morcego...



Em outro momento, houve um quiz, onde o público respondia à perguntas sobre quadrinhos e ganhavam brindes... Curiosamente, perguntas fáceis mas ainda havia dificuldade por grande parte de quem participou...

Jack Herbert

Salaza e Jack Jadson
O momento de ir embora trouxe-nos algumas considerações, próprias da idade e da experiência com outros eventos... Ainda não estamos certos, como dissemos acima, se o Orfeão Português, localizado em Maracanã (RJ), seja o local ideal para essa volta do Comicmania. Nos anos 1990, esse evento já foi realizado no Castelinho do Flamengo e no SESC da Tijuca, locais interessantes, com auditório, algo mais adequado às necessidades do público e do evento em si. Principalmente quando temos palestras na programação... O local escolhido este ano era um tanto abafado, com pouca iluminação, o que trazia uma impressão inicial ruim. Tudo se desfez quando vimos o que havia sido organizado e o esquema no estilo das convenções internacionais, com vários corredores e os artistas misturados entre si, agradou. Mas talvez seja a hora de procurar um local maior para que as atrações não sejam ofuscadas por algo que não seja culpa de nenhuma delas, ok?

#ficaadica
 
Zeco Rodrigues faz uma caricatura de Kal J. Moon
(Foto por QI Nerds)
E a caricatura pronta!
Ouvi muita reclamação por grande parte do público por conta do preço do ingresso. OK. Não posso dizer que estava barato ou caro, uma vez que o Rio Comicon praticou o mesmo preço. Ainda que eu não queira comparar os eventos, ambos ofereciam atrações diferenciadas. Mas poderia haver um diferencial por parte da aceitação do público se pelo menos os primeiros eventos mensais fossem um pouco mais baratos.

Outra coisa que realmente faltou foi uma atração de "peso". Tudo bem que todos os artistas convidados eram profissionais mais do que capacitados e conhecidos... lá fora. Aqui no Brasil, muitos deles não chamaram a atenção, senão de quem já acompanhava seus trabalhos via internet e publicações avulsas. Mesmo que o evento tenha sido viralizado nas redes sociais com sucesso e conseguiu divulgação até mesmo na Rede Globo (passou no Video Show e tudo!), faltou também um site oficial, com todos os dados e detalhes, uma lojinha virtual vendendo brindes relacionados, wallpapers para decorar o PC, coisas assim.

Dentre outras coisas, senti falta do evento ter um mascote para ilustrar seu poster. Ainda que tenha seu valor convidar um artista para desenhar um personagem conhecido, nada supera a imagem de um mascote icônico, mostrando o potencial comercial à crianças, adolescentes e adultos. Crianças gostariam de ter uma estatueta do personagem ou mesmo uma revista de histórias em quadrinhos. Adolescentes usariam uma camisa ilustrada pelo personagem e mulheres, bem, mulheres compartilhariam de todos esses desejos, assim como homens... Convidar algum designer ou ilustrador para desenvolver esse personagem seria uma saída. Ou, quem sabe, criar um concurso com prêmio em dinheiro - ou algo tão atrativo quanto -, que potencializaria o fato de almejar ser o autor do projeto vencedor...

(isso é o básico para qualquer evento do gênero e seria um grande diferencial se isso finalmente acontecesse no RJ)

E minha reclamação final não vai à organização do evento mas sim às editoras nacionais... Cadê vocês? é hora de vender, levar artistas, dialogar com seu público!!! O Brasil não é feito só de eventos de anime e mangá, ou de São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte! O Rio de Janeiro também está no cenário internacional e um evento deste porte deveria ser abraçado com braços e pernas, uma vez que o estande nem estava sendo cobrado! Acabou essa mentalidade há muito tempo de que carioca não compra quadrinhos como o resto do país... Vamos investir, ok?

A Equipe PP agradece a liberação da organização do Comicmania 14 e 1/2, esperando poder comparecer mais vezes...